CONTATO: geografia.sociedadenatureza@gmail.com
(caso queira publicar textos, poemas, vídeos, sugestões, críticas ou qualquer tipo de manifestação artística, escreva-nos)
João Monti é ator, compositor, músico, ensaísta, escritor, poeta e professor de geografia. Também conhecido por anti-doutor Punk, Monti é descendente de uma família de notórios libertários e escreve nesse e em outros blogs. Sobre a geografia, Monti esclarece: "É anacronismo remontar a geografia à Antiguidade de Heródoto, Estrabão ou Ptolomeu. Também é falacioso a ideia de que a geografia é uma ciência. Na verdade, não é nada disso. A geografia moderna nasce em função dos Estados nacionais e não é senão um repositório de teorias científicas das quais muitas eram racistas e defendiam a supremacia europeia. No último quartel do século XIX até meados do século XX, a geografia se empenhou arduamente em produzir ideologia a serviço das nações capitalistas e imperialistas. Nos anos de 1970, na França, diante da frivolidade da geografia universitária, Yves Lacoste propunha um retorno à geografia tradicional, recomendava a leitura de Élisée Reclus e encontrava na guerra uma razão de ser para a geografia. Na mesma época, do outro lado do Atlântico, nos EUA, David Harvey introduzia na metodologia geográfica um instrumental francamente marxista de análise. Nesse contexto, surge a geografia crítica, que ensaiou uma ruptura com o passado subserviente da geografia até então. Com o fim da Guerra Fria, porém, a geografia crítica entra em refluxo e uma nova onda conservadora, assumindo muitas vezes a forma de "crítica radical" ou mesmo de geografia "anarquista" (institucional e burocrática!!!), torna-se avassaladora. Hoje, a geografia retoma sua vocação reacionária, sob suas multiplas faces, apesar de ser, no entanto, completamente obsoleta e desnecessária às demandas do poder. Um verdadeiro anarquista é inimigo da geografia" (Monti).
Monti no show do Ramones: Hey! Ho! Let's go!
Genealogia:
Os primeiros do topo da árvore genealógica são o casal Nivardo Fumelli Monti e Mariana Petri e o casal Oreste Meliani e Assunta Garemi. (Agradeço ao meu primo Thomas Parenti por ter me enviado a árvore - obs.: não consegui ampliar a foto).
Obs.: Aos familiares que têm me procurado, peço a gentiliza de me enviar, caso houver, fotos de Nivardo e Mariana ou qualquer informação sobre ambos.
Nivardo Fumelli Monti
Em
sua tese de doutorado "Pensiero e Dinamite Anarquismo e Repressão em São Paulo
nos anos 1890", junto ao Departamento de
História do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual
de Campinas, Claudia Feierabend Baeta aborda a presença, atividades e repressão
dos militantes anarquistas residentes ou atuantes em São Paulo nos anos 1890,
contextualizando, inclusive, o cenário da chegada dos atividades italianos no
final do século XIX.
“Já
nos primeiros anos da década de 1890, havia comentários de que era uma
estratégia geral dos países europeus, 'onde só se [falava] de greves ou de
manifestações de operários e desempregados, com as ameaças de dinamite e o
espantalho do 1º de Maio’ conceder passaportes àqueles cuja presença não era
desejada e que mostravam interesse em deixar o país".
"Havia,
no entanto, suspeitas de que, mais do que facilitar o embarque dos anarquistas,
o governo italiano incentivava sua partida: já em 1893, chegaram às autoridades
brasileiras denúncias de que aquele governo fazia embarcar, ‘com destino ao
Brasil, agregados às famílias no caráter de primos, a indivíduos a quem quer
expulsar da Itália por serem anarquistas e socialistas conhecidos.’ ".
"O
cônsul italiano, conde Edoardo Compans de Brichanteau, em correspondência com o
Ministero degli Affari Esteri em 1894, chegou mesmo a sugerir que os indivíduos
que compunham ‘o primeiro núcleo de anarquistas (...) no Brasil’ eram italianos
e, aparentemente, haviam sido enviados 'pelo próprio Governo Régio após os
dolorosos fatos do 1º de Maio em Roma'"
"As
autoridades brasileiras procuravam tomar tais sugestões com cuidado,
relativizando a responsabilidade do governo italiano na migração de tais
indivíduos, mas as denúncias persistiam. Entre os indivíduos suspeitos de
anarquistas, eram os italianos especialmente temidos no Brasil, tanto por suas
idéias anarquistas e práticas subversivas, personificadas nas figuras dos
magnicidas – todos italianos – que atentaram contra os chefes de Estado e
realeza na Europa, como pela grande afluência de imigrantes dessa nacionalidade
que por aqui aportavam".
"Não
é por acaso que a Itália vai aparecer como procedência mais recorrente de
anarquistas que se instalaram em São Paulo nos primeiros anos da década de
1890, nem que aos comissários responsáveis pela migração para o Brasil fosse
cobrada grande vigilância em relação àqueles que deixavam os portos italianos.
Daí as preocupações quando chegavam às autoridades brasileiras”. Daí as
preocupações quando chegavam às autoridades brasileiras notícias como a
seguinte:
"'Partida
– Por volta das 17 horas de ontem o vapor Matteo Bruso, da [companhia de
navegação] Velloce partiu para o Rio de Janeiro e Santos com 1150 emigrantes
dos quais (....) 737 para Santos diretamente para São Paulo. Entre estes
últimos, havia o anarquista Fumelli Monti Nivardo, de Lucca, que, com sua
mulher e filhos, conduz-se ao Brasil onde será introduzido no estado de São
Paulo. Ele segue espontaneamente, talvez para escapar de possíveis
perseguições, e o próprio governo facilitou-lhe o embarque. Isso não impediu
que durante a sua breve parada de dois ou três dias em Gênova ele fosse
continuamente escoltado por dois vigias, que não o deixaram por um só momento,
nem de dia, nem à noite, acompanhando-o em todos os lugares, mesmo a bordo,
(...) nunca o perdendo de vista, até que o Matteo Bruso levantasse âncora' .”
"O
recorte da notícia publicada pelo periódico de Gênova acompanhou o ofício do
Cônsul Geral do Brasil na Itália ao Ministro da Justiça e Negócios Interiores.
A intenção do cônsul era alertar as autoridades brasileiras para que pudessem
tomar as medidas cabíveis na chegada do 'anarquista italiano'".
Já na tese “Anarquismo, Sindicatos e Revolução no Brasil (1906- 1936)”, de Thiago B. de Oliveira:
Já na tese “Anarquismo, Sindicatos e Revolução no Brasil (1906- 1936)”, de Thiago B. de Oliveira:
“Assim,
foram efetuadas prisões e expulsões de estrangeiros considerados ou suspeitos
de serem adeptos do anarquismo desde pelo menos o início dos anos 1890, como
atesta uma correspondência de 1894 do embaixador italiano em Madri ao ministro
de Estado espanhol sobre os preparativos da expulsão de Portugal e do trajeto
que deveria seguir até a Itália o preso Nivardo Monti Fumelli, “anarquista
perigosíssimo considerado por nosso governo [da Itália] capaz de organizar e de
executar qualquer atentado”. Segundo as informações apresentadas, Nivardo
“gostaria de retornar ao Brasil, onde deixou mulher e filhos, e de onde foi
expulso por aquele Governo, mas lhe faltam os meios para fazer a viagem” (Nota:
Correspondência “Reservadíssima e urgente” do Embaixador italiano em Madri ao
Ministro de Estado de Espanha, em 24 de dezembro de 1894. Legajo 2757 AGMAEC –
Madri. [parte 2 fotos 007 e 014] [Estão na mesma pasta as cartas em italiano e
sua tradução em espanhol]), o que permite aferir, embora não seja possível precisar
se este seja o caso, que é muito provável, devido à recorrência da não
observância dos procedimentos jurídicos e constitucionais nas expulsões que se
efetivaram durante a Primeira República, que o italiano tenha sido expulso sem
julgamento e sem que se verificasse se era casado e/ou pai de filhos nascidos
no Brasil” (OLIVEIRA, B., T., “Anarquismo, Sindicatos e Revolução no Brasil
[1906- 1936]”, 2009, pp. 53 e 54).
Continuamos a pesquisa em cartório e requerermos esta certidão (6/4/17):
Os filhos de Nirvado são Rino e Imera. Seus pais são Giuseppe Fumelli Monti e Anna Mazzini.
Não tinha conhecimento do sobrenome Mazzini em minha família. Fico pensando se com isso tenho algum parentesco com Giuseppe Mazzini, já que, segundo a informações de familiares, Nivardo foi tenente garibaldino.
Nivardo foi homenageado junto ao Mausoléu dos Garibaldinos, no Araçá.
Viva Nivardo Fumelli Monti, herói da humanidade!
Ateo Tommaso Garemi
Filho
de trabalhadores italianos que imigraram para a França, Ateo Tommaso Garemi nasceu
em Genova, em 6 de março de 1921. Quando ainda era adolescente, de apenas
dezessete anos, e trabalhava como lenhador, alistou-se nas Brigadas
Internacionais em Espanha. Em 1940, Garemi ingressa no Partido Comunista
Francês e, após a ocupação alemã, entra nas fileiras dos "Maquis".
Depois
de se destacar como um dos combatentes mais ousados na região de Marselha, Ateo Garemi retorna para a Itália em 8 de setembro de 1943, tornando-se organizador
e primeiro comandante do GAP de Turim. Entre suas primeiras ações, distribui panfletos
contra os nazistas em um cinema de Turim. Em 25 de outubro de 1943, juntamente com
o anarquista Dario Cagno, abate a tiros Domenico Giardina (chefe da CSR),
provavelmente confundindo-o com o infame Piero Brandimart.
Dois
dias após o atentado, Garemi e Cagno são presos pela polícia fascista. Resistem
a tortura mas são julgados e condenados à morte pelo Tribunal Especial de Turim.
No julgamento, Garemi declarou: “Eu voltei da França para lutar contra os invasores
e os fascistas. Dentre todos os traidores, sei que Giardina era um opressor
cruel e por isso foi vingado. Eu me considero um soldado do povo e estou orgulhoso
de ter sido capaz de cumprir o meu dever. Sei que serei fuzilado, mas não tenho
medo: atrás de mim virá a classe trabalhadora e o povo italiano. Quando cair a
arma de minha mão, outro a apanhará”.
Garemi
e Cagno foram fuzilados em 21 de dezembro de 1943, no pátio do quartel “Monte
Grappa”. Imediatamente após a morte de Garemi, para honrar sua memória, o seu
nome foi dado à 45ª Brigada Garibaldi, tornando-se, posteriormente, “Gruppo
Divisioni ‘Garemi’”.
Viva Ateo Tommaso Garemi, herói da humanidade!
Rue Ateo Garemi, 13200 Arles, France
Abaixo: Mapa de Calcinaia, Itália. Note a rua "Via Garemi" (travessa da "via Buozzi").
Meliani
Orfeo Meliani
IL CALCINAIOLO ORFEO MELIANI
DEPORTATO NEL LAGER DI HERSBRUCK
- Il campo di concentramento di Hersbruck nel nord est della Baviera dove
fu deportato Orfeo Meliani (17 feb. 1905-26 dic. 1944). Il lager di
Hersbruck era un sottocampo del lager di Flossenburg. Attivo dal luglio
1944 al marzo 1945 raggiunse una poplazione di 10.000 prigionieri di
diverse nazionalità (italiani, austriaci, francesi, ungheresi, ecc.). E' stato
demolito all'inizio degli anni '50.
Na verdade, Orfeo nasceu no Brasil e cedo migrou para a Itália. Ainda não sei por que Orfeo foi preso em um campo de concentração, mas é muito provável que ele tenha participado da resistência contra o nazifascismo.
Unica Garemi
Em (R)esistenze di oggi: Autointervista" di Sandra Landi (Scrittrice e antroploga); "La Resistenza delle Donno nelle Guerre di oggi" di Teresa Strada (President Emergency); "Resistere in Angola" di Suor Manuela (Missionaria da 20 anni in Angola); "(R)esistere. La memoria attiva del femminismo" di Paola di Cori (Storica - Università di Perugia); "Memoria e Resistenza" di Ugo di Tullio (Presidente della Mediateca della Regione Toscana), os autores contam a participação das Mulheres na Resistência nos dias atuais bem como mas na guerra contra o nazifascismo. Dentre estas mulheres, Giuseppina (chamada Unica) Geremi Guelfi.
Depoimento de Unica:
Guelfi, Unica Garemi. "Le Donne della Resistenza." In Resistenza ai Giorni
Nostri, 112-115. Pisa: A.N.P.I., 2005.
"Da Donne e Resistenza", Atti del convegno, Pisa, Abbazia di S. Zeno, 19 giugno 1978
pp. 34-41 Intervento di Unica Garemi Guelfi sul ruolo delle donne nella resistenza nel
pisano.
“A população civil parecia apoiar os esforços da Resistência de diferentes maneiras. Em todo o país tornou-se corriqueiro o apoio das mulheres, que doavam roupas e alimentos para os combatentes. As mulheres formavam uma rede espontânea de solidariedade. Num esforço único, elas doavam comida e prestavam ajuda aos familiares e enfermos. Além disso, possuíam uma liberdade de movimento que não era concedida aos homens. Unica Garemi Guelfi dá um relato detalhado da rede de solidariedade das mulheres em Pisa. Tal liberdade permitiu-lhes ações como levar informações e transportar alimentos e armas para os refugiados e Partisans. Muitos italianos atribuem as ações espontâneas de proteção das mulheres aos refugiados e Partisans a um instinto materno, pois elas agiam com bondade, nutrindo a esperança de mulheres de outros locais, ao cuidar dos maridos destas, filhos ou irmãos. Giorgio Vecchiani, um Partisan e atual diretor do A.N.P.I. (“Associazione Nazionale Partigiani d’Itália”) de Pisa, discorda da teoria do instinto maternal, como a razão para a participação das mulheres na Resistência, porque, segundo ele, também havia mulheres que colaboravam com os nazistas e fascistas”.
LAMARRE, Lynda, “Heroes or Terrorists? War, Resistance, and Memorialization in Tuscany, 1943-1945”, Georgia Southern University, Spring 2011.
Nota: “Garemi” é um nome pouco comum e, ao que tudo indica, parece estar circunscrito à região da Toscana, Itália, com alguma influência francesa. Talvez, atualmente, quase ninguém mais possua esse sobrenome. Numa demorada procura no Google, encontrei apenas Valentino Garemi, dono de uma loja de sapatos, no Canadá, e Elisa Garemi, de 30 anos, na França (Facebook: Elisa Garemi Dupre). Também fiz uma pesquisa etimológica e sua origem e significado são incertos. Dentre as acepções que mais parecem fazer sentido talvez a mais plausível tenha alguma relação a uma variação de Garen, que significa “guarda”, “guardião”, sobrenome antigo da região do Languedoc, França (outras variações Garrin [inglês, germânico] "mighty with a spear" [poderoso com a lança]; outras variações possíveis encontradas: Garan, Garen, Garin, Garon, Garran, Garren, Garron, Garryn, Garyn. Variação do germânico Geeren, “geer”, lança; etc.).
Algumas variações: Gareni, Garenni, Caremi, Garemer, Gareman.
Fumelli Monti
Mais algumas notas sobre Nivardo.
Além de anarquista, Nivardo também seria, segundo relatos de familiares, tenente garibaldino. Realmente, no mausoléu em homenagem aos garibaldinos, no Araçá, consta uma placa com o nome Nivardo Fumelli Monti, entre outros combatentes. Essa aparente contradição pode ser explicada pelo fato de muitos anarquistas terem se juntado aos garibaldinos na luta contra as monarquias que subjugavam a Itália ainda no século XIX. Outra hipótese é que Nivardo, nascido em Luca nos anos de 1845, poderia ter servido, em sua juventude, às tropas de Garibaldi, durante a Terceira Guerra de Independência da Itália, anos antes de se tornar anarquista.
República Romana
No contexto
revolucionário da “Primavera dos Povos”, em 1848, uma rebelião na Itália,
visando à independência e unificação do país, levou a proclamação da Segunda
República Romana. Fundada em 9 de fevereiro de 1849, sobre pressupostos
democráticos e laicos, os revolucionários, contando com a participação de
Giuseppe Garibaldi e liderados pelo triunvirato Carlo Armellini, Giuseppe
Mazzini e Aurelio Saffi, obrigaram o conservador Pio IX a abandonar o Vaticano.
Refugiado, o Papa convocou todas as nações católicas a debelar os insurgentes da
República Romana. França, Áustria e Napoles atenderam ao chamado. Na primeira
expedição francesa, de 27 de abril, as tropas francesas foram rechaçadas. Karl Marx
descreveu o episódio assim: “O ataque do exército francês a Roma, a retirada a
que os romanos o haviam obrigado, a sua infâmia política e a sua vergonha
militar, o vil assassínio da república romana pela república francesa, a
primeira campanha de Itália do segundo Bonaparte, tudo isto estava na ordem do
dia”. A República Romana não resistiu ao segundo cerco francês e caiu em 3 de
julho de 1849. Apesar de restituir o poder da Santa Sé, Napoleão III fez várias
concessões aos revolucionários, como a formação de um governo secular e
liberal.
O "Protocollo
della Republica Romana" é a compilação da deliberação das assembleias comunais
convocando a República Roma a resistir à invasão francesa.
Da comuna de Nidastore,
além de outros membros da família Fumelli Monti, Giuseppe, pai de Nivardo,
subscreve o manifesto.
REPÚBLICA ROMANA
EM NOME DE DEUS E DO POVO
Nidastore, em 3 de abril 1849
A Sociedade Popular de Nidastore, movida por um
ânimo vigoroso, diante da invasão das tropas francesas em território da
República Romana, declara que não só com esta violação a França atenta contra o
direito dos concidadãos romanos e a tranquilidade do nosso Estado, mas, além
disso, fomenta a discórdia de um povo que apenas deseja a todo custo viver ou
morrer republicano. Em nome de Deus e do povo, protesta contra a inesperada
invasão, e declara resistir com todas as forças e sacrifício da própria vida no
apoio incondicional do Governo da República.
Delibera por unanimidade nesta seção extraordinário
no turno supracitado, em 5 de abril 1849.
O Presidente
Marco Fumelli-Monti
Francesco Monti, conselheiro
Andrea Crocchi, conselheira
Giuseppe Fumelli Monti, conselheiro
Giambattista Tarducci, conselheiro
Giovanni Monti, tesoreiro
Ilario Lenti, seg.
Maggiore
della Cavalleria Antenore Fumelli Monti
Monumento a todos os
combatentes tombados em Arcevia
A comuna de Arcevia
relembra todos os conterrâneos que perderam suas vidas na luta em defesa da
pátria durante a Primeira Guerra Mundial, através de um obelisco de mármore inscrito,
nos quatro lados da parede, os nomes dos heroicos combatentes. Mais tarde, uma
placa de mármore foi acrescentada em memória das vítimas dos campos de
extermínio alemães.
“Este monumento
homenageia os filhos tombados na Primeira Grande Guerra, antes e além do Piave,
conscientes do valor de todo um povo pela unificação italiana, vaticinada por
Dante e desejada pela fé do apóstolo Giuseppe Mazzini”.
OBs.: Rino Fumelli
Monti, filho de Nivardo, homenageou Antenore através de um de seus filhos, chamado Antenor,
conhecido na família por tio Bibi.
PAPILLON
Quando criança, eu ouvia muito nas conversas dos adultos que o Papillon era um parente próximo. Nessas conversas, era comum o relato em que os mais velhos se emocionavam quando liam o livro ou assistiam o filme da narrativa do Papillon. Segundo a “lenda de família”, o “nosso Papillon” fora preso por matar um guarda francês que lhe teria cuspido, em seu rosto, e dito, pejorativamente, “italiani”. Este teria tomado a arma do próprio guarda e lavado a honra com sangue. Um dia perguntei a minha avó sobre quem era o Papillon. “É da parte dos Garemi”, disse minha saudosa avó, dona Annina. Muito tempo depois, li o livro “Papillon” e não encontrei indícios suficientes para comprovar tal parentesco. Pode ser que os antigos associaram a prisão de Ateo à história de Papillon. No ano de 1932, Henri Charrière, o Papillon, acusado sem provas por homicídio, foi condenado à prisão perpétua ainda muito jovem, aos 25 anos de idade, assim como Ateo, fuzilado aos 22. Porém, Papillon conseguiu escapar. Isso talvez serviria de consolo, para amenizar a dor dos parentes de Ateo, radicados no Brasil. A esperança seria uma borboleta alçando voo de flor em flor; esperança de retorno, de liberdade. Outra hipótese é que o nosso familiar não era o Papillon, mas um amigo, muito inteligente e culto, que o ajudou na fuga. Tudo isso, contudo, são especulações, sendo preciso se aprofundar mais nesta questão de família ainda obscura. (Por favor, se alguém tiver alguma informação, peço que me escreva).
Nota: Recentemente descobri que Heni Charrière não era o verdadeiro Papillon nem tampouco autor do livro homônimo. O verdadeiro Papillon e autor do livro é René Belbenoit, que, juntamente com Charrière, Mauricio Hebert, Joseph Guilhermi Marcel e Marcel Guy, realmente fugiram da Ilha do Diabo. O grupo veio para o Brasil e depois se separado, mas Belbenoit, Hebert e Marcel permaneceram em Roraima. Charrière apenas extraviou os manuscritos de Belbenoit, adulterando a autoria, quando aquele lhe confiara o envio para a editora. (Mais informações, consultar pesquisas do jornalista Platão Arantes.
Nota: Recentemente descobri que Heni Charrière não era o verdadeiro Papillon nem tampouco autor do livro homônimo. O verdadeiro Papillon e autor do livro é René Belbenoit, que, juntamente com Charrière, Mauricio Hebert, Joseph Guilhermi Marcel e Marcel Guy, realmente fugiram da Ilha do Diabo. O grupo veio para o Brasil e depois se separado, mas Belbenoit, Hebert e Marcel permaneceram em Roraima. Charrière apenas extraviou os manuscritos de Belbenoit, adulterando a autoria, quando aquele lhe confiara o envio para a editora. (Mais informações, consultar pesquisas do jornalista Platão Arantes.
MELIANI
A família Meliani, como já foi dito, é de Calcinaia, Toscana. Acima, estão Oreste Meliani e Assunta Garemi. Ambos estiveram no Brasil mas retornaram para a Itália. Tiveram 7 (?) filhos: Ricardo, Mariano, Oristilo, Orfeo, Pilade, Maria e Ida (minha bisavó). O pai de Oreste chamava-se Riccardo.
O documento abaixo é de 9 de abril de 1913. Trata-se de uma declaração de Natale Meliani, filho de Riccardo, natural de Calcinaia, carpinteiro, residente em São Paulo, no bairro da Barra Funda (o mesmo em que minha avó morava), requisitando ao Consulado Italiano em São Paulo a vinda de um irmão, Pietro Meliani, para o Brasil.
(Acredito que Natale e Pietro são irmão de Oreste).
Uma
das filhas do casal Oreste Meliani e Assunta Garemi, Maria casou-se com Elpidio
Parenti, quando estavam no Brasil, emigrando em seguida para os EUA. Elpidio,
juntamente com seu irmão Luigi, tiveram uma atuação importante no movimento
anarquista norte-americano. Meu primo, que mora na Califórnia, me escreveu este
email:
Joao,
That
was a lot of photos!
I
will need some time to organize the information you sent.
I
will update my records and send a copy to you to make sure I got it all
correct.
Anarchists?
Ok,
here is a story.
Remember
how I said that I had some Calcinaia relatives?
My
great grandfather, Elpedio Parenti and his brother Luigi Parenti were both
active anarchists in San Francisco, and were arrested many times.
Luigi
was the secretary for the Industrial Workers of the World in San Francisco.
The
IWW was against US involvement in WWI and protested the governments
announcement to join WWI. In San
Francisco there was a big parade, the "Preparedness Day Parade" Luigi was a suspect in that bombing, but was
not arrested.
Later,
in 1917 the US government arrested many of officers of the IWW all over the
country including Luigi. There was a
large trial in Chicago, and Luigi , and about 90 others), were sentenced to
Leavenworth Prison.
Luigi
was released early on the condition that he, his wife and children get out of
the country and never come back. He took
the deal and went back to Calcinaia.
I
was able to get a copy of his prison record.
I also got a copy of his FBI file, and the file that the Italian
government kept on him (but it is in Italian!)
I
attached his mugshot.
I
also attached a photo postcard he sent to his father and sister in
Calcinaia. This was used against him in
his trial. The inscription mentions
fighting the government with weapons, etc.
Luigi
is the third on the left, the only one with no hat.
I
do not know for sure, but the one with the mustache looks like his brother (my
great grandfather) Elpedio, but I am not sure.
My Aunt thinks not.
My
grandmother Emma was indeed named after Emma Goldman!.
Maria
and Elpedio's first child, the one born in Brazil, was Carinda. Elpedio and Luigi had a friend, and fellow
anarchist, Mario Piccinini. Once, Luigi
and Mario were in jail together. The
jailers would harass male visitors, so Elpedio sent his daughter Carinda to
jail to get information to Luigi. While
there, she met Mario, they eventually got married, and they had Russia.
I
hope you liked these stories!
I
must get to bed.
Thomas
Luigi é o terceiro da esquerda para a direita.
Viva fratelli Parenti, heróis da humanidade!
Viva os libertários!
VIVA A ANARQUIA!